quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Acordo Ortográfico.

Classificação: Pure Hate!

Quando era uma piquena moça a minha vida girava à volta de livros de banda desenhada como a Turma da Mónica e toda a malta da Disney, desde Tio Patinhas ao Mickey e companhia. A chatice que adveio daí foi que, como toda essa boa literatura estava escrita em português do Brasil, lá devo ter cometido algum erro de ortografia num ditado ou composição. Foi o que bastou para todoooooooos os livrinhos desaparecerem de casa do dia para a noite. Sim, eram centenas deles, e sim, foram-se TODOS. Foi como se me arrancassem as entranhas e tive um desgosto daqueles, mas hoje em dia posso-me orgulhar de não escrever como se sofresse de dislexia aguda algures no interior profundo do Mato Grosso.
And the point is... tudo isso foi infrutífero. Porque graças a esse belo acordo toda a gente escreve à la Brasil style. O que me deixa DEVERAS enfurecida!! Tanto ano a suspirar com saudades dos livros! (sotaque brasileiro: ON) A dôr, me'rmão! A dôr! (sotaque brasileiro: OFF).
Claro que não vou ceder a esse acordozeco da tanga depois de tantos anos a escrever como deve de ser. E deixo aqui bem claro que, no dia em que me virem a escrever "ótimo" sem o P, têm passe livre para me apedrejar com seixos.

2 comentários:

  1. Sim, com muitos seixos.
    Enquanto não me despedirem ou processarem não vejo razão, profissionalmente, para escrever de acordo com o (des)acordo.

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  2. Ani, sou brasileiro, e a nova ortografia a mim também irrita. Mas ela não tem nada a ver com o falar brasileiro ou com a gramática do português falado no Brasil. Como o próprio nome diz, o acordo é ortográfico, não sintático ou gramático. E infelizmente, ainda como o próprio nome diz, é um acordo, assinado por sete países (ou por oito, não sei se deu tempo de entrar o Timor Leste). Na verdade, acredito que antes de 2014 ele deverá ser revisto. Não há razão para se eliminar os "cc" e os "pp" mudos do português de Portugal (e de Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde) em nome de uma "unificação" sem sentido -- não é isso o que une o português mundo afora. Mas o mais grave, em minha opinião, é a alteração dramática que se fez com as palavras compostas, antes tão bem integradas pelo singelo hífen, e agora desregradas por dois ou três critérios diferentes e confusos. Quanto à gramática do português brasileiro, ela é uma realidade, que a história explica exaustivamente, e que pode perfeitamente conviver com a gramática do português de Portugal. Sobre isso, confira o trabalho do professor Ataliba de Castilho, da Universidade de São Paulo. Abraços! Jayme Serva

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